segunda-feira, 12 de junho de 2017

Adunco

Num continente de náufragos
Um país sem irmãos
Outro filho do outono
Para desembaraçar as luas
Fizeram por bem
Me parir em junho
Junto ao vento leste
Desolador de mundos
Empilho flagelos
Nas costelas dos anos
Silencio murmúrios
E anestesio traumas.

Adunco
Incisivo
Adestro o sossego
Para manter o caminho
Leve e brando.
Costurado ímpeto
Uma varanda tímida
Pela curva
Voltar ao céu
Que engasga as tardes
E implora para que a noite desfibrile
A rotina dos dias comuns.

Há profundo silêncio
No tempo
De inventar para esquecer
A escuridão já não cega
Tampouco a luz esconde
A imensidão que me habita.
Há singela calma
No armistício dos dias
Na poesia das coisas não perecíveis
Sem linhas vorazes
Ou fechamentos audazes
A paz.